Entre lamentações e desabafos surgiu o nome dele. As críticas não eram esperadas e me assustaram aos poucos, formando uma angústia dolorosa de como dizer adeus depois de um suposto envolvimento. A partir de então as mensagens tão ansiosamente esperadas já não eram bem vindas, mas como me despedir agora? Eu tentei evitar, mas não ir ao seu encontro ficava cada vez mais difícil. Chegou o dia em que ele completaria sua idade libertadora e eu ignorei amargamente, fingindo se quer lembrar. Doeu, entretanto eu havia prometido me afastar, afinal desde o princípio eu soube que não tínhamos nada em comum, só aquela atração mutua tão ardente, queimando a cada toque de quero mais.
Domingo veio enfim e eu me pus de frente a ele, acreditando levianamente que poderia resistir. Conversas longas, porém com distância, era assim que me mantinha, embora eu soubesse que no fundo queria. E foi aí que a noite desandou, quando a santa mensagem chegou de que os conselhos sobre ele já não simbolizavam nada, pois afinal nunca somos nada. Somos apenas uma mutação constante e em desenvolvimento, sempre procurando aprimorar os ensinamentos de uma vida. Eu passei a me deixar levar pelo desejo e meu corpo já agia por si só. Não era mais eu, éramos nós. Os rostos aos poucos se encontravam com leves carícias. O nariz que roçava na pele macia e sentia o fogo queimar, a vontade atiçar. E as bocas que já se aproximavam, as vezes com uma relutância fingida, num encontro de lábios que se buscavam aos poucos com mais freqüência, desejando-se cada vez mais. Agora já não eram apenas bocas, eram toques, e assim seguiu a noite, vivendo cada momento ao seu lado. "Até que não foi ruim" eu disse a ele, ouviram-se risadas contentes. No fim das contas não havia arrependimento, só o êxtase de ter aproveitado aquela noite maluca de álcool, cigarros, passeios noturnos na praia e alta velocidade ao lado de quem me fez tão bem.
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